top of page
A Nua ou Crua

O projeto Nua ou Crua foi uma ação colaborativa, idealizada e executada pelos alunos de Design da PUC-Rio, orientados pela professora Joy Till, durante o curso da disciplina Questões de Mobilidade e Ubiquidade, em 2017.2.

Nua ou Crua consistiu numa proposta de discussão sobre a censura dos movimentos conservadores às artes ditas pelos próprios como inadequadas, um grito abafado em um espaço tensionado como a PUC-Rio, no qual diversos pensamentos se enfrentam.

Numa sala escura, visualiza-se uma televisão com o quadro de Peter Paul Rubens, “Leda e o Cisne” (1601), e uma diversidade de quadros coloridos com mensagens de ódio e censura, selecionadas de postagens de redes sociais sobre os trabalhos de arte, recentemente atacados pelas alas conservadoras citadas anteriormente. Um botão à frente da televisão permite ao espectador que retire uma a uma essas mensagens ao ponto de quase enxergar o quadro em sua completude. Quase é a palavra-chave nesta experiência. Seja pela intervenção fora da sala (outro botão programado para realocar os quadros retirados pelo espectador numa batalha ferrenha pelo controle da imagem) ou pela própria essência do trabalho que, ao se encontrar com apenas dois quadros, dá seu grito em ode aos momentos de censura em grandes programas de auditório televisivos (a famosa campainha), 

nunca se permite que a tela seja vista em sua completude, onde Zeus em forma de cisne se emaranha com Leda nesta pintura-retrato da mitologia grega.

Ao se retirar da sala o espectador se encontra ao ar livre, de frente a uma grande mesa negra, com outras pessoas segurando suas respectivas moedas e abrindo brechas numa raspadinha gigante, que eventualmente revela ser o “Jardim das delícias terrenas” (em torno de 1500), de Hieronymus Bosch. A obra apresenta do paraíso ao inferno, a história do mundo e sua criação, rodeada pelo sexo e a experimentação corpórea, num tríptico que, em sua utilização, conta com a posição de infográfico para o ensino às crianças na era medieval e hoje é visto como um absurdo, devido a leitura dada pelo artista ao tema bíblico da criação.

O encontro poético entre as experiências dentro e fora da sala escura se dá pela impossibilidade de alcançar o que a imagem foi um dia. Seja pelos quadros intermináveis ou pela raspadinha que rasga e marca partes do quadro de Bosch, não se encontram naqueles quadros a imagem que já representaram artisticamente e nem o absurdo político que dizem representar hoje. É um novo local, uma terceira versão que surge da contemporaneidade, tentando enxergar o original por debaixo da repressão, e levantando a pergunta: Poderemos nós produzir e enxergar, através da atual censura?

O Vídeo
As Entrevistas

Durante as quase cinco horas de intervenção, convidamos algumas pessoas que passavam pelo espaço para comentar sobre o impasse da censura na arte e a abordagem da nossa instalação.

“Ao mesmo tempo que você acha que tem um progresso e tenta dar uma passo à frente, sempre tem alguém tentando tapar alguma coisa.” Gilberto Junior, jornalista

 

“É uma questão etnocêntrica, você acha que a sua visão de mundo tem que se impor sobre as outras e isso, no século XXI, é muito errado. Então eu acho muito importante existirem exposições como essa pras pessoas pensarem.” Uma das entrevistadas

“Eu acho que a parte mais engraçada foi que alguém ficou do lado de fora apertando pra censurar e eu lá tentando liberar. Acho que isso fala muito sobre a sociedade que a gente tá vivendo.” Luiz Ludwig, professor DAD

A grande maioria dos entrevistados e do público impactado concorda que a censura nunca pode ser algo positivo. Ser impedido de ter uma experiência baseado em convicções de outrem é uma ofensa à liberdade pessoal do indivíduo e por esse motivo nunca nem deveria ser objeto de discussão. 

 

Houve também quem discordasse da abordagem escolhida pela turma, alegando que o uso dos comentários em sua integridade seriam um incentivo para tal. 

A Análise

Nosso objetivo com a intervenção foi gerar um debate e reflexão acerca dos problemas de censura que temos vivenciado. Pudemos perceber através da interação do público uma gama interessante de reações que foram além de nossas expectativas.

 

Alguns que entravam na cabine se chocavam com os comentários na tela e não conseguiam sequer apertar o botão. 

Vimos a frustração de vários participantes, ao não conseguirem sumir com todos os comentários. Os que estavam do lado de fora, muitas vezes apertavam para ler mais comentários, porém não necessariamente concordavam com eles.

 

E,  em alguns casos, houve a gamificação da interação, na qual ambos os participantes competiam para ver quem conseguiria revelar ou ocultar a imagem.

vídeo
entrevistas
análise
Créditos

Alunos:

Francisco Guimarães

Gabriel Fraga

Joji Cozzolino

Joyce Fucci

Levy Fernandes

Lucas Vorbau

Nadyne Curi

Tatiana Moniz

Thatiana Biazzi

Professora: Joy Till

DSG1417 - Questões de Mobilidade e Ubiquidade

2017.2

Depoimentos:

Ana Terra Mendel Araruna

Carolina Costa

Flavia Nizia F Ribeiro

Gilberto Jr

Luiz Torres Ludwig

Pedro Almeida Amorim

bottom of page